20 de jan. de 2009

posse do Obama

Acabo de chegar em casa depois de um looongo dia assistindo à posse do Barack Obama. Acordei às 6:30 da manhã, -4 graus. Tomei um banho quente para tentar guardar o máximo possível de calor dentro do casaco (haha), comi um café da manhã calórico (ovo frito, aveia com mirtilos) e fiz um lanchinho pra comer na metade da manhã. O Washington Post tinha dito para levar papelão ou isopor para ficar de pé em cima, pois isola um pouco do chão congelado.

Lá fui eu para o metrô às 7 e pouco da manhã com uma bolsinha contendo a câmera (fotos em breve), lanche, celular e chaves, alem da prancha de isopor. Da plataforma mandei uma mensagem para o grupo com quem ia me encontrar às 8: "embarcando na linha azul, com sorte chego lá às 8." O metrô chegou lotadaço como nunca vejo em dia de semana. Fui como sardinha, cada estação enchia mais. Lá pelas tantas paramos no meio do túnel porque o trem na frente do nosso estava empatado na estação, pois as pessoas estavam tentando entrar no trem lotado e eles não conseguiam fechar as portas, então nada andava... Antes de cada estação, tínhamos que esperar 5-10 minutos. Acabei chegando bem depois das 8 e o grupo já tinha ido. Trocamos algumas mensagens de texto, mas logo que cheguei no mall (área entre o Capitólio e o obelisco) o celular não funcionava mais direito. Não tinha sinal, as mensagens não iam, e de vez em quando chegavam várias de uma vez. Não consegui encontrar com eles e acabei assistindo tudo sozinha (fora as outras 1,5 milhão de pessoas).

Achei um lugar pra assistir entre o Museu de História Natural e o castelinho da Smithsonian Institution, bem perto de um telão. Primeiro passaram uma repetição do show de domingo. De novo o Bono cantando City of Blinding Lights, que eu adoro.

Lá pelas 10 começou a cerimônia, com um coral infantil de San Francisco. Em seguida, a banda da marinha com várias marchinhas patrióticas típicas. Começaram a aparecer os políticos e celebridades. Primeiro os deputados, depois os governadores, depois os senadores, entremeados por outros políticos diversos. O povo em volta aprovava e reprovava com vaias e gritos:

- Newt Gingrich (republicano ex-presidente do Congresso dos anos 90): Boooooo!!!
- Colin Powell: yeah!!! wo-hoo!!
- Oprah: wo-hoo!!!
- Joe Liberman (senador vira-casaca, vice da chapa do Gore em 2000): boooo
- Ted Kennedy: wo-hoo!! yeah!!!
- McCain: nada. zip.
- John Kerry: também nada.
- Al Gore: yeah!
- Carter: yeah!
- George H. W. e Barbara Bush: nada
- Bill e Hillary: woo-hoo!!!! yeah!!! we love you!!!
- Dick Cheney: Booooo
- Bush: BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Nem preciso dizer que o povo explodia e sacudia as bandeirinhas enlouquecido quando a família Obama começou a aparecer, primeiro com as meninas, acompanhadas da avó, depois a Michelle e finalmente o Barack. Efusivos aplausos também para o Joe Biden e família.

Depois de estarem todos apresentados, um quarteto perfeitamente diverso tocou uma peça contemporânea (Air and Simple Gifts, acho que era o título). Era o Itzhak Perlman (judeu) no violino, o YoYo Ma (asiático) no violoncelo, a Gabriela Montero (latina) no piano e o Anthony McGill (negro) no clarinete.

Depois da posse do vice (cujo juramento foi mais longo que o do presidente), a Aretha Franklin cantou "My Country 'Tis of Thee". Achei ela meio sem fôlego, mas estava um frio desgraçado. A Gabriela Montero tocou com as luvinhas sem dedo.

Finalmente, o Obama tomou posse e o povo pulava de alegria e abraçava qualquer um que estivesse por perto. Emocionante.

Achei o discurso ótimo de modo geral, especialmente as partes em que ele falou em ajudar todas as pessoas que estão em busca de dignidade e liberdade e em usar recursos de forma responsável. Outra coisa que gostei foi quando ele falou para os líderes dos países que não gostam dos EUA que eles serão lembrados não pelo que destroem, mas pelo que constroem. Mas também teve aquele tom americano meio belicoso: "Nós venceremos! Eles serão derrotados! A América é o pais mais poderoso do mundo!" Isso tudo me dá nos nervos. Mas não é privilégio dele.

Depois da posse, levei horas para conseguir sair da área do mall. Os celulares não funcionavam, ninguém sabia para onde ir, uma baita confusão. Mas não sei se tem algum jeito de organizar entre 1,5 e 2 milhões de pessoas... os chineses devem saber. Mas não sei se prefiro a organização deles :)

Assisti ao desfile de um restaurante onde finalmente consegui me encontrar com uma amiga que chegou no mall pelas 9:30 e não conseguiu entrar. Depois de um trechinho de carro, Obama e Michelle andaram a pé pela Pennsylvania Avenue. As pessoas em volta diziam "que perigo!!" mas eu pensei, é o fim da era do medo. Graças a Deus.

11 comentários:

Marinella disse...

Oba, um postão de nossa correspondente internacional. Já vou ler e comento.

Marinella disse...

A Aretha Franklin ainda é viva? Putz vi ela cantando na TV mas achei que fosse imagem antiga ahaha

Marinella disse...

É o fim da "Era do Medo"? Sílvia, tu te contagiou mesmo!!

Marinella disse...

Adorei o relato! Especialmente a forma como tu indicou os índices de popularidade.

Mais tarde, vou arrumar os acentos pra ti.

Beijos

Silvia disse...

Eeeh, brigada pela assistencia com os acentos! Acabei de por as fotos do show, mas ficaram separadas do post correspondente...

Unknown disse...

Vou mexer nos acentos amanhã, porque agora já tá tarde aqui. Quanto às fotos, acho até melhor assim. Só seria bom que tu colocasse um título. Beijão!

Mir, obrigada pela assistência permanente também. O que seria de nós sem ti? :o)

Mir disse...

Silvia, adorei as fotos e o relato. Mas podemos discutir esses detalhes por email, nao? :P bobas. beijão!

Marlise disse...

Baita cobertura.
Parabens e que sorte que tiveste. Obama eh um tesao.
I have a crush on him.

beijos gauderios a todos.........especial pra ti, Mari, of course.

Marinella disse...

Ô, Mar, será que é porque ele é dono do mundo? Ou porque surfa no Havaí? :)

Beijão pra ti também!

Anônimo disse...

Sivita,

Adorei tua cobertura. Mari, nosso blog está ficando chiquéssimo, cheio de participações especiais. Podemos pedir mais colaborações de pessoas que estão morando em outros países para contar um pouco sobre onde moram. O que tu achas? Bjos,

Marinella disse...

Oi, Noemia, eu acho que sim. Pedi pra Patrícia mandar notícias do Equador. Mas textinhos bem curtos. Nesse caso da Sílvia a gente abriu exceção pela magnitude do evento e por se tratar da Sílvia, né?

Mas podemos falar sobre isso hoje à tarde diante de uma taça de sorvete. E consultar a Vanessa também.

Bjos!